domingo, 26 de julho de 2009

Brasil na Guerra

Oficiais Brasileiros em Monte Castello durante a campanha da Itália

Embora estivesse sendo comandado por um regime ditatorial simpático ao modelo fascista (o Estado novo getulista), o Brasil acabou participando da Guerra junto aos Aliados. Isto porque, muito antes que a pressão popular se fizesse sentir em 1942, devido à partir de Fevereiro de 1942, submarinos alemães e italianos terem iniciado o torpedeamento de embarcações brasileiras no oceano Atlântico em represália, segundo relatado nos diários de Goebbels, à adesão por parte do Brasil aos compromissos da Carta do Atlântico (que previa o alinhamento automático ao lado de qualquer nação do continente americano que fosse atacada por uma potênica extra-continental); de fundamental importância para que o governo brasileiro paulatinamente se alinhasse com os EUA e consequentemente a causa aliada à partir de Pearl Harbor, igual e respectivamente foram: as tentativas veladas de ingerência nos assuntos internos brasileiros por parte da Alemanha e Itália, especialmente à partir da implantação do Estado Novo; a progressiva impossibilidade à partir do final de 1940 de manter relações comerciais estáveis e efetivas com estes países devido a pressão naval britânica e posteriormente americana exercida contra os mesmos e a chamada política de boa vizinhança levada a cabo pelo então presidente Roosevelt, que entre outros incentivos econômicos e comerciais financiou a construção de uma gigantesca siderúrgica, a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional)[5][6][7].

Também, durante o ano de 1942, em meio a incentivos econômicos e pressão diplomática, os americanos instalaram bases aero-navais ao longo da costa Norte-Nordeste brasileira, sendo a base militar no município de Parnamirim, vizinho a capital Natal, no estado do Rio Grande do Norte, a principal dentre estas. Bases às quais os militares brasileiros tinham acesso restrito e controlado. Tendo sido a de Parnamirim de especial importância para o esforço de guerra aliado antes do desembarque de tropas Anglo-Americanas no Norte da Africa em novembro de 1942 na Operação Tocha.
Complexo de bases esse que foi popularmente apelidado na época de "Trampolim da Vitória", devido à importante contribuição tática proporcionada para a frente norte africana. À partir da estabilização da frente italiana em fins de 1943 e do enfraquecimento da campanha submarina alemã, as bases americanas em solo brasileiro foram sendo progressivamente desativadas ao longo de 1944-45, embora na da ilha de Fernando de Noronha os americanos tenham permanecido até 1960.[8].

Somente devido à pressão popular é que se deveu a declaração de guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista em agosto de 1942, após meses de torpedeamento de navios mercantes brasileiros. Assim como a existência da Força Expedicionária Brasileira, que teve sua formação inicialmente protelada por um ano após a declaração de guerra e seu envio ao front iniciado somente em julho de 1944, quase 2 anos após a declaração e mesmo assim tendo enviado cerca de 25 000 homens de um total inicial previsto de 100 000.
Mesmo com problemas na preparação e no envio, já na Itália, treinada e equipada pelos americanos, a FEB cumpriu as principais missões que lhe foram atribuídas pelo comando aliado. No entanto, mal terminada a guerra, temendo uma possível capitalização política da vitória aliada por membros da FEB, dada a contribuição desta à mesma, mesmo que modesta, decidiu o governo brasileiro desmobilizá-la oficialmente ainda em solo italiano[9]. A seus membros, no retorno ao país, foram impostas restrições, os veteranos não militares (que deram baixa ao retornar) foram proibidos de utilizar em público condecorações ou peças do vestuário expedicionário, enquanto os (veteranos militares) profissionais foram transferidos para regiões de fronteira ou distantes dos grandes centros[10].

Monumento aos Pracinhas, Rio de Janeiro, Brasil.

No entanto, a participação do Brasil na guerra e a forma como a mesma se desenrolou contribuíram decisivamente para o fim do regime do Estado Novo, como já sinalizava o Manifesto dos Mineiros em 1943.

Assim, embora mais vigorosa que a participação na Primeira Guerra Mundial, considerando o jogo político e diplomático travado entre americanos e alemães pelo apoio brasileiro e os números da real contribuição tática e estratégica que o país proporcionou comparados aos de outros países aliados (a FEB, por exemplo, era apenas uma entre 20 divisões aliadas na Itália, tendo atuado num setor, embora relativamente importante, secundário no front italiano, num momento em que este mesmo front tinha se tornado de menor importância para ambos os lados); a modesta participação brasileira na Segunda Guerra pode no geral ser equiparada à do Japão na Primeira Guerra Mundial. Se de um lado, em termos numéricos e táticos os brasileiros tiveram no segundo conflito mundial uma participação maior na causa aliada que os japoneses 3 décadas antes, por outro lado os nipônicos, entre as décadas de 1920 e '30, souberam capitalizar melhor política e estrategicamente a nível internacional sua participação no conflito de 1914-18.

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